Aula 9 - Tipo Textual Injunção, Leitura
- Fernanda Araujo
- 29 de set. de 2018
- 6 min de leitura
Atualizado: 16 de out. de 2018
(10/10/2018)
Tipo Textual Injunção
Para finalizar a temática Tipos Textuais hoje falaremos do tipo Injunção. O texto injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no método para a concretização de uma ação, isto é , indica um procedimento para realizar algo ou utilizar corretamente algum objeto/instrumento/ferramenta. Por exemplo, uma receita de bolo, uma bula de remédio, um manual de instruções, editais. Com isso, sua função é transmitir para o leitor mais do que simples informações, visa sobretudo, instruir, explicar, sem a finalidade de convencê-lo por meio de argumentos. A linguagem do texto injuntivo é simples e objetiva. Um dos recursos linguísticos marcantes e recorrentes desse tipo de texto é a utilização dos verbos no imperativo, os quais indicam uma "ordem". Por exemplo:
na receita de bolo: “misture todos os ingredientes”;
na bula de remédio: “tome duas cápsulas por dia”;
no manual de instruções: “aperte a tecla amarela”;
nas propagandas: “vista essa camisa”.
Leitura
Perspectivas teóricas
Teoria da decodificação
Teoria cognitiva
Teoria interacionista
Teoria discursiva
Teoria da decodificação
Para ler um texto, antes de mais nada, é preciso decodificar palavras - decifrar o código lingüístico e relacioná-lo ao significado (teoria da decodificação).
A concepção acima, valoriza as informações explícitas no texto. O leitor põe em prática estímulos visuais do código (grafia), partindo daí para apreender a informação contida no texto.
Nessa visão, o processo de leitura está centrado no texto, e não, no leitor. Este, só se utiliza das informações contidas na escrita para entender o texto.
Saga da Amazônia
Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta mata verde, céu azul, a mais imensa floresta no fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoas e os rios puxando as águas. Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir era: fauna, flora, frutos e flores[...]FARIAS, Vital. Saga da Amazônia.
Disponível em: http://vital-farias.letras.terra.com.br/letras/380162/
a) Qual o título do texto? Saga da Amazônia
b) Quem é o autor do texto? Vital Farias
c) Em que região está localizada a mais bonita e imensa floresta? Amazônia
Para responder as questões acima você precisou identificar informações expressas no texto.
Por exemplo, você precisou decodificar palavras, ler com fluência o texto, localizar e reproduzir informações. Foi, apenas, uma tarefa de mapeamento entre a informação gráfica da pergunta e sua forma repetida no texto. Para estabelecer esse processo, sua prática de leitura se baseou na teoria da decodificação, tendo em vista que você apenas decifrou o código lingüístico e relacionou-o ao significado.
Teoria cognitiva
A vertente cognitiva amplia os estudos sobre o processo de leitura e, de forma contrária ao modelo da decodificação, defende que a leitura é uma atividade de compreensão, em que o leitor utiliza seus esquemas mentais para apreender as idéias do texto.
Nessa atividade, o indivíduo busca a compreensão do texto em seu repertório de conhecimentos acumulado são longo de sua experiência de vida.
Para os defensores dessa teoria, a leitura é uma construção de sentido, que envolve um grande número de habilidades mentais (percepção, memória, inferências lingüísticas, entre outras), que são necessárias para o entendimento do que se lê.
A leitura é, portanto, uma tarefa lingüística que prioriza, em especial, a ação mental do leitor.
Quanto você contribui para o aquecimento global?
Se você pensa em chaminés industriais quando alguém fala em aquecimento global, saiba que, todos os anos, cada “pessoa física” do planeta produz, em média, 7 toneladas de gás carbônico. A estimativa, feita pela ONU, não inclui fábricas e usinas, só a soma de todas as emissões que as pessoas provocam ao ligar o carro, acender o fogão ou comer carne. Somadas, elas são responsáveis por 0,9% das 7 gigatoneladas anuais de gás carbônico que a humanidade joga na atmosfera (número semelhante à emissão de fenômenos naturais, como vulcões e incêndios florestais). “O impacto pessoal na formação do efeito estufa é muito grande. Quanto mais prejudicamos o clima, fica mais urgente ainda tomar uma atitude”, diz Oswaldo Martins, da ONG Iniciativa Verde. Não há mais muita dúvida de que o homem é responsável pelas alterações que o clima do planeta sofreu nos últimos 50 anos.[...]CORDEIRO, T.Revista Superinteressante, São Paulo, Editora Abril, mar, 2007, p. 38
Elabore duas questões, conforme as orientações a seguir:
Uma questão de compreensão inferencial (dedução), de forma que o leitor estabeleça uma dedução que não se encontra de maneira explícita no texto.
Por ex. Mudanças nos hábitos de alimentação, menor consumo de carnes e consumo de produtos locais podem diminuir a quantidade de gás carbônico emitidos na atmosfera?
Uma questão de compreensão do texto, que exija do leitor explorar o seu conhecimento de mundo.
Por ex. Então, se eu comprar produtos dos pequenos produtores locais vendidos no mercadinho da esquina no qual vou a pé sem usar carro ou ônibus ou metrô ajudarei na diminuição do uso de transportes poluentes e assim contribuirei para a diminuição dos níveis de gás carbônico emitidos na atmosfera?
Teoria interacionista
Uma terceira vertente sobre a leitura defende a idéia de que a atividade de compreender o que se lê vai além do texto e das capacidades do leitor, trata-se de um processo de interação social (teoria interacionista).
O leitor nessa concepção aciona seus conhecimentos prévios, fazendo interação entre seus conhecimentos lingüísticos, textuais e sociais. Esta concepção pressupõe a reconstrução de sentidos e tem como base os conhecimentos apropriados ao longo da vida que interagem entre si, razão por que a leitura é considerada um processo interativo.
Leonardo da Vinci
A história de como um homem bastardo, canhoto, vegetariano, homossexual e libertador de passarinhos tornou-se o maior gênio ocidental de todos os tempos. Em meio a tudo o que já se disse sobre Leonardo da Vinci, ao longo de 500 anos a frase de Freud brilha como uma pérola: “Ele foi como um homem que acordou cedo demais na escuridão, enquanto os outros continuavam a dormir”. É admirável que Leonardo tenha conseguido suportar a sua solidão. “Será que ninguém jamais ouvirá a minha voz, e que sempre estarei só, como neste momento, nas trevas debaixo da terra, como se tivesse sido sepultado vivo, junto com meu sonho de asas?” Esse desabafo é de quando ele se refugiou numa adega, com seus livros, manuscritos e instrumentos científicos. Lá fora, as tropas francesas de Luís XII devastavam Milão a canhonaços. [...]MODERNELL, R. Revista Terra. São Paulo: Editora Peixes. Ano 14, no 169, maio 2006, p. 24-27.
Como seriam questões relativas ao texto acima que demandassem do leitor um processo de leitura interacional.
Por ex:. A solidão é tão devastadora quanto a guerra?
Teoria discursiva
Por fim, a teoria discursiva toma como base conceitos sociológicos e antropológicos.
A leitura é uma prática discursiva, cuja habilidade do leitor se efetiva quando ele se coloca em relação ao texto e a todos os “outros textos” (discursos sociais, históricos e culturais) que participam desse processo.
O texto não possui um único sentido, mas múltiplos sentidos. O leitor, muito além de um simples decodificador de sinais gráficos e fonemas, é um leitor discursivo, crítico que interroga o texto, aprecia conforme valores estéticos, afetivos, éticos e políticos; e amplia os sentidos do texto em condições sócio-historicamente determinado.
“Um bibliotecário de verdade conhece os cenários que os livros desenham para orientar-nos em nossas viagens. Cada professor, na sua área, deveria ser um bibliotecário. Sua função não é caminhar por trilhas batidas olhando para o chão. É mostrar os cenários literários que podem ser vistos se olharmos para cima... Assim se aprende o mundo.” ALVES, Rubem. Sem notas e sem freqüência.Revista Educação. São Paulo: Segmento. Ano 9, no 107, 2006, p. 66.
Você gostou da idéia de Rubem Alves apresentada nesse texto? Você concorda que todo professor deve ser um bibliotecário?
Leitura: antes e além da palavra
Para a Semiótica, ciência que estuda os signos em geral, a linguagem não-verbal expressa sentidos, revela ideologia.
Tanto a linguagem verbal quanto a não-verbal utilizam-se de signos, com a diferença de que, na primeira, os signos são constituídos dos códigos da língua escrita ou falada.
Na linguagem não-verbal exploram-se outros signos (imagem, gestos, notas musicais, cores, danças) que dispensam o uso da palavra.
A visualidade de um texto não-verbal permite a existência de uma forma material (cor, cheiro, sons, melodia, imagem fílmica, pintura) com propriedades particulares e com possibilidades múltiplas de efeitos de sentidos, que reafirmam seu status de linguagem.
O trabalho de leitura de um texto não-verbal se institui entre o não-verbal e o olhar do leitor multidirecionado para a imagem que vê, pois sendo dinâmico, o não-verbal exige uma leitura sem ordem preestabelecida, convencional ou sistematizada. Em outras palavras, se trata de uma leitura que se dá de modo diferente da leitura que fazemos dos signos lingüísticos, ou seja, da esquerda para a direita.
Vários conceitos, então, podem ajudar na compreensão desse tipo de linguagem, tais como: reiteração de traços semânticos, conotação, metáfora, metonímias.
Ler o texto não-verbal é antes de tudo se envolver numa prática social distinta e singular, por meio de olhares e de percepções diferentes, em que o leitor “viaja” no texto, dialoga e percorre os caminhos dos novos sentidos que dali emergem. O leitor é, então, aquele que lê o dito e o não dito pelo simples fato de se embrenhar na diversidade de sentidos que uma imagem pode revelar.
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